terça-feira, 13 de abril de 2010

A arte do diálogo


"Por pressa, orgulho, vaidade, presunção ou preguiça, perdemos o contato com o próximo", alerta o colunista de AMANHÃ Eloi Zanetti, consultor na área de marketing e comunicaçã.

 Em qualquer ambiente onde existem grupos com objetivos comuns, esbarramos numa dificuldade inerente: o saber se comunicar. Criamos sofisticadas formas de linguagens, avançamos na feitura de equipamentos e ainda não aprendemos a nos comunicar com eficiência com nossos parceiros de trabalho. Para a maioria das pessoas, a arte do diálogo - dio-logos, dois pensamentos - é muito complicada.

Perceber e entender as regras da boa comunicação não é difícil, qualquer um consegue. O difícil é praticá-las. Elas exigem atenção, escuta e concentração no outro. Atitudes que necessitam de despojamento, humildade, paciência e principalmente educação. É aí que "a coisa pega".


Estamos tão egocentrados que não enxergamos, nem escutamos os anseios do interlocutor. Por pressa, orgulho, vaidade, presunção ou preguiça, perdemos o contato com o próximo. Não é aula de catecismo, mas perceba como os sete pecados capitais são inimigos da boa comunicação.


Nós, comunicadores profissionais, perdemos tempo estudando objetivos, público-alvo, as melhores formas de emitir mensagens e até tentamos mensurar os resultados das nossas ações. Mas nos esquecemos do básico: a comunicação entre humanos se processa entre humanos e está atrelada aos nossos defeitos e virtudes.

Existem dezenas de maneiras de melhorar os relacionamentos interpessoais. Por exemplo: não cortar a palavra do outro enquanto ele estiver falando - senão dá a impressão de que você não se preocupa com a causa alheia e a comunicação se desmancha no nascedouro. Aprenda a usar a sua entonação de voz, principalmente ao conversar com as mulheres. Elas são mais suscetíveis ao modo e à altura das falas do que os homens. O grande poder de sedução de Cleópatra não era a sua beleza, mas a sua voz. Além de boa ouvinte e de dominar com maestria a arte da boa conversação, a rainha dos egípcios tinha um tom de voz encantador.

Calma e suavidade constroem o bom conversador. Por isso, fale devagar, atento às palavras que vai proferir. E, se for replicar uma provocação, siga os conselhos de Salomão: "A resposta branda acalma o furor, a palavra ferina estimula a ira". É dele também o provérbio: "As palavras ditas na hora certa são como maçãs de ouro em bandejas de prata". Durante a realização de um trabalho coletivo, mantenha seus parceiros informados sobre o que está realizando e as suas intenções sobre os próximos passos. Nos esportes, bons jogadores sinalizam os momentos certos para passes e recebimentos de bola. É bonita a cena do Pelé, menino, batendo a mão na cabeça, pedindo bola no jogo contra a Suécia na Copa de 58.


Um dos erros mais comuns na comunicação dos vendedores é não saber a hora certa de parar de falar. Muitas vezes, na cabeça do comprador, o negócio já está fechado e o vendedor continua falando. Isso faz o outro se lembrar da concorrência, refletir sobre suas reais necessidades, ponderar alternativas e tomar outra decisão, que pode ser até cancelar a compra.


Um dos comportamentos mais irritantes nos processos da comunicação é a falta do retorno - o feedback. Muitos dizem: "Não tive tempo para responder". Eu digo: "Foi falta de educação e não de tempo". Nem que seja apenas para dizer não, devolva a informação sobre o andamento dos trabalhos ao interessado.


O termo "palavra", em hebreu, quer dizer "instruir, guiar atenciosamente". Ou seja, funções de um líder. Quem não sabe se comunicar instruindo não serve para as ações de liderança. E, atenção: nos processos comunicativos, aquilo que não é dito com clareza, normalmente, é mais importante do que o que foi dito explicitamente. O essencial continua invisível para os olhos e ouvidos.

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